quinta-feira, 22 de março de 2012

Depois das lidas, pela hora da cambona

Um dia pela hora larga da noite

Que uma chuva dolente fez acoite
Pela quinchá alta do galpão.
Lá ao longe ficou na amplidão


A lembrança que ficou perdida
Pela hora larga da lida.
Nos cascos da potrada de pouco foi galopeada
Foi se consumindo pelo dia na estrada.


Que agora de alpargatas.
Mate no novo, mira pela hora gosta.
E pelos olhos encilha denovo potros
Que de lombo marcados agora soltos como os astros,


Que brilham lá no céu...
Que uma estrela passa perto da aba do chapéu,
E mirando além do galpão
A chuva que a pouco foi louca, e agora na mansidão


Fica na hora ouvindo um radio
Esperando a volta de alguma coisa pelo pátio
Que pela frente do ramadão, A chuva molhou,
E nos meus olhos não secou.


O radio fala de tudo e mais um eito...
Fala pra outros em uma letra das coisas do peito.
Conta do tempo, mas a chuva lá por fora
                                                                 Não para, e o galpão escora.


Que continuo de mate na mão e alpargatas
Mirando a chuva pelas travas gastas
Que escorrem lavando, levando o pó do dia
Que pelo barro bordado, o pó se recria...


E entendo que tudo tem um fim
Mas renasce mesmo assim.
Se o pó que levanta pelo e gruda nas botas
E vira barro e pelas grotas.


Entendo que minha alma renasce
Mas certa coisa não se esquece.
Mas apreende também pela chuvita
Que agora ela fica mansita.


E faz renascer por os olhos de quem mira
Além do barulho e das gotas que vem do céu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário