domingo, 13 de dezembro de 2009

Repartindo as platas


Ontem começou a eleição e veio um povo diferente andando pelo corredor, foram chegando pelo bolicho do seu Romualdo onde estava o Inácio conversando e tomando um vinho com o Schineider, foram chegando em ternos e gravata e aperto de mão e sorrisos de falsete já fazendo milhes de propostas para quem vive nos galpões, como a reforma da escola, mais um ônibus terá pra vir fazer linha em outros horários, cascalho e plainarem na estrada geral, que passa por ali quase todos os meses do ano, dizendo que ali também era município fazia parte de toda a nação, quando o Inácio foi questionando depois mais um gole de vinho para limpar a goela e abrir um pouco mais a palavra.:

-Com todo o respeito a sua senhoria, sou mais dos domadores que vivem nessas bandas, meu mundo é todo dia em lombo de cavalo, como podem ver que estou de espora atada e meu potro esta ali na frente atado...
-Isso é campo mostrando a cara e o jeito nos da cidade dependendo de homens do cavalo que defendem essa chão com força e viço para a pecuária a agricultura chegue na minha mesa  e na mesa de muitos nas cidades, vamo fomentar isso tudo aqui...
- Sim o senhor tem toda a razão, mas tem tanta cosa errada por ai,  ginete roubando de terno e esquecendo que índios   de campo e galpão, como vem falando colocam  a vida pra lidar campo afora pra esses viventes terem sua pecuaria pra assar pelo seus encontros, outro dia ouvi no radio noticias de maquinas que nunca vieram pra ajudar o Nico na sua lavoura e tantos outros que vão vender verdura no povo todo dia, no ônibus que faz a linha, passando pela estrada geral que é quase uma aventura, eu vou mais ligeiro no povo a cavalo de que de ônibus, que se chover fica nalgum atoleiro da estrada, que maquinas que era pra isso estão paradas nos galpões da prefeitura.
-Mas meu senhor, agora a coisa vai mudar, vai ser diferente e o campo terá vez novamente!
-BUENO! Assim espero a tempos, mas outro dia fui no povo, comprar umas coisas pra casa e vi uma festa que até a milicada e pançudo comissário daqui estava junto, canha e truco, bailongo e percanta, até ai tudo certo pra os olhos de quem não viu direito a cosa...  Na frente estavam proseando dois milico, eu sofrenei meu pingo e fiquei mirando lá dentro  a canha correndo, vinho da melhor qualidade vindo além mar, os milico proseavam sobre os doutores que estavam ali dentro da festa que podia ver pela vidraça, dali a pouco começou a correr plata entre eles, uns tinham mais direito outros, recebiam mais e outros menos uns que mandavam, contando maços de dinheiro pra ver se estava certo o pagamento...Achei que era festa ou o decimo deles, mas esses os doutores de ternos trabalham quatro horas e pico, ganham um mundo de plata com todo o direito por são a voz do povo, como falam os mais entendidos da linda e do povo e ainda escrevem em seus santinhos que não tem nada santos em letras negritadas e grandes.: - SÃO A VOZ DO POVO!...
-Mas como se chama?
-Não precisa o senhor saber meu nome, somente serei mais um que depois quando for lá pedir uma máquina pra plainar a estrada geral, será milhes de papel e carimbos para não conseguir e o senhor não receber ninguém, mas vou encurtar o causo e pedir sua opinião sobre isso, já que o senhor é homem direito e certo... Notei que não era o decimo deles achei que era uma comissão por alguma cosa bem feita ou prêmio por algo mui bueno fizeram para o povo, mas riam e falavam entre si, "Vorteando" suas cosas pra guardar a plata, uns colocando na guaiaca outros por dentro das bombachas das ceroulas , mas a plata que dividiam era pra construir cosas pra no povo pavimentar ruas, arrumar o colégio daqui é lá do povo, diminuir a filha do doutor que cuida da gente quando a agente fica meio ruim da saúde, aquela e outras plata eram pra construir estrada e pagar os trabalhadores do estado e acabar com os atoleiros aqui da estrada geral... A plata que agente pagou pela incerteza dos impostos  e se agente não paga lhe tomam algo ou vou aumentando os juros e mais multa e mais juros  e nós, o povo do campo e da cidade precisamos de fato, então chamei os milicos pra ir lá fazer seu serviço pago por nós, mas quase eu que fui posar canariando numa cela suja da delegacia por perguntar somente, seu doutor...Os milicos também estavam comprados pelo de gravata, que tiram do povo pra seu próprio benefício, eu só ultimamente porque senão tenho que pagar uma multa por isso, pra eleger esses que vão tirar do povo, me responda sobre esse fato, por favor seu doutor?

O candidato, ficou calado ao ver conhecimento de um domador que vive campo afora, não soube que falar, foi saludando igual a um mala branca, e foi saindo sem jeito nem deixou o santinho, com seu numero para votar...