domingo, 26 de junho de 2011

Um chapéu e um colete igual, se deu o erro

O pulpeiro serviu mais uma canha com o mesmo jeito de sempre.


-Mais um copo!

Pediu um paisano que cruzava por ai com tropa de um canto da sala, as chinas dançando pela volta da madrugada. Nisso entra o mulato Jorge arrastando uma chilena de prata ajeitando uma pratiada por entre a rastra e faixa.
Foi até o balcão e pediu uma pura pra espantar o frio um maio ventoso com muita calma mirou uma china pra dançar um pouco. O mulato Jorge mirou uma china de melena cor de sol sentanda num canto, que tomava uma canha com uva com tempo e esperas nos olhos azuis com o céu.
Já foi pra o lado dela num tranco meio de atravessado e ladiado, e pediu uma contra dança com respeito, que a china marina se largou bailando apertado por o meio do povo, que nisso o pulpeiro mirou pra um canto e mirou o Macário vindo e charlou pra Don Inácio que charlava com umas outras comparsas escorado no balcão, que o mulato Jorge iria fazer bem logo peleia, que a china marina era namorada do Macário que por desgoto já eram intrigados de jogo de truco.
Que o mulato Jorge perdeu tudo desde o pingo um baio bueno que tinha até as botas junto com um chiripá colorado.
E corria pela boca dos conhecidos que eles competiam por tudo entre eles, desde carreira até por china desde guri pipeiro e o mulato sempre perdia.
Nisso o Macário saiu como se tivesse vertido do chão da sala, talvez tivesse ido desguá umas canhas ou talvez uns mates do cedo, viu a china e partiu pra cima tomar a china do mulato que bailava apertado, pois se ele bailasse com mais educação e respeito por a china dos outros não dava pelia.
Veio sem pedir porta e nem refuga bolada, apartando os dois com as mãos e sacando de toda folha errando por pouco um talonaço no mulato, que abriu o corpo ligeiro feito a um gato que cai na água.


O pulpeiro gritou.:


-Fedeu o aço!


Don Inácio, o Zé gatão e o Queixo saíram pra apartar enquanto as chinas gritavam e pediam pra parar e os dois peleando por china e canha.
Apartaram cada um pra um lado, que o pulpeiro mandou se retirar dali bem ligeiro com uma espingarda que tem atrás do balcão. Que o mulato em ton de desacato so gritou pra o Macário.:


-Tú, morres e nem vai saber de onde foi o balaço!


-E eu vou ainda no teu velório, cuspi no teu corpo!


O Macário já porta fora muntando e esperando a china marina pelo portal do bolicho, nem charlou só balançou a cabeça...
O mulato marcou o chapéu e o colete do Macário pra matar ele depois em espera pelo campo.
Passou uns dias e o assunto já tinha passado no povo e entre a peonada das estâncias. Foi quando saiu pela boca do povo que o mulato tinha acertado um balaço num ponteiro de tropa que vinha pedir pousada nos campos do patrão Arlindo, patrão do Macário.
Ia cruzando a trote estendido pela frente do bolicho do seu Romualdo e o mulato deu um único tiro e certeiro na testa do ponteiro por confundir com o Macário porque ele usava uma colete e um chapéu igual ao do Macário que tava por casa.
O mulato nem ato de covarde ou talvez de ressabio, vendo que tinha errado um balaço num que nem era dali tentou fugir ajeitando o trinta ainda de cano quente na cinta.
Mas o pulpeiro vendo a cosa calçou na mesma espingarda que apartou a briga antes dos dois e mandou ele ficar bem quieto por ai e largar as armas no chão. Gritou pra uma da chinas chamar os milicos e gordo comissário bem ligeiro, que um sorro, que não sabe confirmar certo as cosas, e matou um que nem sabia da intriga por truco e china.
Num upa chegou a milicada em três mouras enfrenadas por o Macário e o Don Inácio, pra não perder o sorro,que meio atordoado vendo que tinha feito errado tentou fugir dali.
Os milicos ataram nas mãos algemas e prenderam numa corda e puxaram o mulato Jorge na cincha de uma das mouras, que segui arrastando a mesma chilena de prata, aos olhos de todo o povo que juntou pra ver e do Macário que veio ligeiro, que só mirou e pediu por Deus, pra o mulato.
Que só Deus pai lá de “riba” julgasse o mulato.
O ponteiro que era oriental vindo com a tropa pra entregar pra o patrão de Don Inácio que não pode chegar e voltar pra casas, por usar um chapéu e um colete igual a do outro.